Tucano vítima de maus tratos ganha bico feito em impressora 3D

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Foto: Instituto Vida Livre

Após perder a parte de cima do bico devido a maus tratos de traficantes de animais, a tucana Tieta usava a parte de baixo para jogar pedaços de mamão para o alto e engoli-los. Mas, a cada três pedacinhos lançados, só um caía em sua boca.

Agora, com a ajuda de uma impressora 3D, Tieta não precisa mais fazer malabarismos. Ela ganhou um novo bico e já consegue se alimentar normalmente com ele.

“Nos primeiros três dias após a cirurgia tentamos dar frutas, mas ela não entendeu que já tinha um bico e não conseguia comer. Mas quando passei a usar iscas vivas, como larvas e baratinhas, ela pegou imediatamente”, diz Roched Seba, diretor do Instituto Vida Livre, que coordenou o projeto.

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Tucana foi resgatada de feira de venda ilegal de animais silvestres. Foto: Danielle Aires

“Provavelmente ela havia comido isso quando estava em liberdade, então a memória de como usar o bico veio instintivamente”, acrescenta.

Tieta foi resgatada de uma feira de venda ilegal de animais silvestres no Rio de Janeiro em março.

Chegou ao centro de triagem do Ibama em uma caixa de papelão com outro tucano, bem maior do que ela. Estava magra, desnutrida e já sem parte do bico.

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Segundo pesquisador Roched Seba, do Instituto Vida Livre, animal demorou três dias para se adaptar à prótese. Foto: Gustavo Cleinman

“Não sabemos se houve uma briga entre os tucanos, que foram mantidos em um espaço muito pequeno pelos traficantes, ou se foram eles mesmos que ocasionaram a perda do bico. Mas, de qualquer forma, ela foi vítima de maus tratos”, diz a coordenadora do centro de triagem, Taciana Sherlock.

Taciana diz que nunca havia visto um animal vítima de tráfico chegar com um trauma tão grande.

Segundo ela, tucanos do bico preto como Tieta são comuns em feiras de comércio ilegal de animais silvestres. Quando eles são criados em cativeiro e vendidos de forma legal, custam até R$ 15 mil.

Após se restabelecer no centro de triagem, o animal foi cedido pelo Ibama para o trabalho de reabilitação em maio. O bico foi implantado no dia 27 de julho.

IMPRESSÃO

Foram duas horas até que a impressora 3D imprimisse o novo bico, que tem pouco mais de 4cm e pesa 4g. Mas o trabalho de produção levou cerca de três meses.

O desafio da equipe, que envolveu três universidades e outras instituições, era fazer uma prótese leve e resistente sem nenhuma outra para servir de inspiração – um projeto semelhante, com outro tipo de tucano, estava sendo feito em São Paulo, mas as duas equipes não sabiam disso. A prótese no tucano verde foi implantada dias antes.

Tucanos mutilados costumam receber bicos de outros animais, mas é difícil achar um que seja compatível. Além disso, o bico do animal morto se deteriora mais rápido.

Por isso o grupo optou pela prótese 3D.

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Cirurgia para implantação da prótese durou cerca de 40 minutos, mas foi delicada pelo uso da anestesia geral. Foto: Danielle Aires

Trabalhando com ensino de design com impressoras 3D para crianças, o designer Gustavo Cleinman, da Coppe-UFRJ, nunca havia feito nada com animais.

“A princípio deu um frio na barriga, mas depois todo mundo se afeiçoou a ela e viu que ela precisava mesmo”, afirma.

O grupo usou o bico de um animal morto como molde e, com ajuda de um programa de computador, passou a ajustar o modelo para que se aproximasse o máximo possível do bico original de Tieta. Foram quatro tentativas até chegar a prótese implantada, presa com ajuda de parafusos.

Ela foi pintada com esmalte preto e recebeu resina de polímero de mamona, tecnologia brasileira. Como a impressão 3D ocorre por camadas, a resina é importante para vedar o bico e evitar que água e outros materiais se acumulem.

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Segundo designer, desafio era encontrar material leve e resistente para novo bico. Foto: Gustavo Cleinman

A cirurgia foi feita em 40 minutos, mas era de risco porque o animal – que pesa cerca de 300g – recebeu anestesia geral.

Segundo o veterinário Thiago Muniz, porém, não há risco de rejeição, já que a prótese foi implantada na parte do bico que é feita de queratina.

Muniz diz que o bico, além de ser importante para a alimentação, permite que o tucano estimule uma glândula que impermeabiliza suas penas para que ele se molhe menos na chuva. Após a implantação da prótese, Tieta já está fazendo isso com sucesso.

Todos as universidades e instituições que participaram do projeto o fizeram de forma voluntária. Não seria algo barato – na Costa Rica, uma vaquinha online arrecadou US$ 10 mil para viabilizar o uso de técnica semelhante com um tucano sem bico, mas a cirurgia ainda não foi feita por problemas técnicos.

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Uso de programa 3D permitiu criar prótese parecida com bico original de Tieta. Foto: Gustavo Cleinman

FUTURO?

E qual será o destino de Tieta agora?

Apesar da prótese, a tucana não pode voltar a ser solta na natureza.

Cabe ao Ibama decidir se ela irá para um zoológico ou um santuário.

O Ibama e o Instituto Vida Livre querem que ela seja exposta em um projeto educativo, que mostre os malefícios do comércio ilegal de animais e o sofrimento dos animais sujeitos a isso.

Mas uma coisa é certa: para onde ela for, irá acompanhada de um tucano macho, também vítima de tráfico, que o Ibama recebeu.

O animalzinho também tem um problema no bico – um desencontro entre as partes de cima e de baixo que faz o bico ter forma de tesoura.

Mas os dois poderão ter filhotes saudáveis e, com o novo bico, Tieta poderá dar comidas para eles. Os tucaninhos poderão ser soltos na natureza.

Fonte: BBC

Autor: Luiza Bandeira

 

Por que só consumimos 0,06% das plantas comestíveis do planeta?

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Das cerca de 300 mil espécies de plantas comestíveis que existem no planeta, consumimos menos de 1%.

As feiras livres e quitandas de muitas cidades, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, são uma explosão de cores e sabores.

Formas estranhas e cheiros desconhecidos contribuem para uma variedade espantosa de verduras, frutas e legumes.

Mas, por mais variadas que possam parecer estas espécies e por mais próximas – uma ida ao supermercado do bairro basta para comprá-las – estes produtos representam apenas uma fração mínima das espécies que podemos comer.

Não é uma falha dos supermercados e feiras.

O fato é que das 400 mil espécies de plantas que existem no mundo, cerca de 300 mil são comestíveis. E, destas 300 mil, consumimos apenas cerca de 200.

E, a maioria das proteínas que consumimos e têm origem nas plantas vem de três cultivos: milho, arroz e trigo.

Mas, se as opções são tantas, por que a humanidade se alimenta de apenas 0,06% das plantas comestíveis?

“Até agora, a explicação sugeria que fazemos isto para evitar o consumo de plantas tóxicas”, disse à BBC Mundo John Warrer, professor de botânica na Universidade de Aberystwyth, na Grã-Bretanha, e autor do livro A Natureza dos Cultivos.

Para Warren, o argumento não tem fundamento.

“Muitas das plantas que comemos são originalmente tóxicas, mas, com o passar do tempo, nós e outros animais encontramos formas de lidar com estes componentes tóxicos.”

O botânico se refere aos processos de domesticação que foram eliminando as substâncias venenosas nas plantas e também aos procedimentos como cozimento, que tornam uma planta digerível.

“Na verdade, fazemos isto pois escolhemos deliberadamente comer plantas que têm uma vida sexual muito tediosa”, afirmou.

A vida sexual previsível, segundo Warren, é o que garante o sucesso de uma planta como cultivo em larga escala.

E previsível, neste caso, significa uma planta que se reproduz por um mecanismo de polinização muito generalizado, que pode ser o vento ou os serviços de insetos como as abelhas.

Os dez mais

As orquídeas são exemplos mais óbvios na hora de explicar a razão de uma planta com vida sexual complexa não ser boa para ser domesticada.

“Elas são as pervertidas do mundo das plantas. Têm flores e hábitos sexuais estranhos”, diz Warren.

Existem cerca de 20 mil espécies de orquídeas, e muitas poderiam ser boas como alimentos. Mas, cultivamos apenas uma para o consumo: a orquídea da baunilha, cuja polinização, feita manualmente, é viável somente devido ao seu alto valor de mercado.

A razão pela qual não cultivamos mais orquídeas, segundo o professor, é “que elas têm uma vida sexual esquisita”.

Para se reproduzir, estas orquídeas devem ser polinizadas por uma espécie específica de inseto e, tanto este quanto a orquídea, dependem do outro para sobreviver.

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Para Warren, no futuro devemos cultivar plantas de menor valor nutritivo, mas que precisam de menos fertilizantes.

Fonte: BBC

CURSOS ONLINE GRATUITOS EM CIÊNCIA PARA EDUCAÇÃO

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Por quanto tempo um aluno consegue prestar atenção no professor? Tirar uma soneca entre uma aula e outra pode melhorar o desempenho dos alunos? Qual a melhor forma de ensinar? Ouvir música pode ajudar?

Vários estudos já trazem respostas para essas perguntas. É a Ciência trabalhando para melhorar a educação. Professores e alunos já podem compreender melhor – e de graça – métodos alternativos ou até mesmo convencionais que contribuem para o aprendizado.

A Rede Nacional de Ciência para Educação preparou uma seleção de cursos interessantes que podem ajudar professores a aprimorar suas habilidades em educação com bases em evidências científicas. Os níveis variam de básico a intermediário e de curta a média duração. Confira!

  1. Big Data in Education (Teachers College, Columbia University)
    A educação cada vez mais é oferecida online ou através de programas de computador. Essas novas formas plataformas de ensino não só facilitam o acesso a conteúdos, mas também geram dados sobre o processo educacional que podem ser usados pera melhorar o ensino e servir de base para pesquisas sobre aprendizado. Este curso, oferecido em inglês na plataforma de ensino a distância EdX, se debruça sobre essa questão e apresenta métodos para manipular e extrair sentido da chamada “big data”.  As aulas começam no dia 01 de Julho para quem quiser seguir o programa completo e acompanhar as tarefas e discussões da turma, mas todo o conteúdo ficará disponível após o fim do programa.

    • Nível: Avançado
    • Duração: 8 semanas
    •  6-12 horas/semana

2. Implementation and Evaluation of Educational Technology (Massachussets Institute of Technology – MIT)
Tablets, celulares, laptops, games. As novas tecnologias já são realidade no ensino. Mas como usá-las de modo eficiente nas salas de aula? Como decidir qual tecologias usar? Como avaliar o resultado da implantação dessas tecnologas? Este curso pretende responder estas pergunta por meio de aulas práticas e teóricas.

  • Nível: Intermediário
  • Duração: 7 semanas
  •  4 – 5 horas/semana

3. Teaching With Technology and Inquiry: An Open Course For Teachers (University fo Toronto)
Este curso explora o uso de tecnologias no ensino das chamadas disciplinas STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática) discutindo os maiores desafios para integrá-las no currículo escolar. Ao longo das aulas, serão apresentadas ideias sobre o que funciona para tópicos, grupos e faixas etárias diferentes.

  • Nível: Intermediário
  • Duração: 8 semanas
  •  3-5 horas/semana

4. Aprendendo a Ensinar Online (UNSW)
Este curso, com legendas em português, apresenta diferentes ferramentas, como o iLabs, o Flickr e blogs, que podem ser usados para que o professor monte uma aula online eficiente.

  • Nível: Básico
  • Duração: 1 hora

5. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação (Fundação Lemann e Instituto Península)
O curso, em português, apresenta experiências reais e bem sucedidas do uso de tecnologias na educação. A expectativa é apresentar aos educadores possibilidades de integração das tecnologias digitais ao currículo escolar, de forma a alcançar uma série de benefícios no dia a dia da sala de aula como a aproximação da realidade escolar com o cotidiano do aluno; maior engajamento dos alunos no aprendizado; melhor aproveitamento do tempo do professor e ampliação do potencial do professor para intervenções efetivas.

  • Nível: Básico
  • Duração: 10 aulas
  •  50 horas

Adaptado de: Rede Nacional de Ciência para Educação